Escrita em transe
Amigos e amigas, estou escrevendo essas linhas ao som do Cd do Curso de Capoeira Regional de mestre Bimba. E é isto que vai determinar o conteúdo da presente crônica. Já escrevi no meu blog sobre alguns aspectos irracionais da capoeira, o principal deles sendo uma sensação de esquecimento da própria individualidade, um mergulho na coletividade da roda causado pela música. O Dr. Decânio chama isso de "transe capoeirano". Pois bem, estou escrevendo nesse estado de transe e, portanto, devo ser perdoado por alguma coisa mais estranha que surgir na crônica de hoje.
Fui recentemente a um batizado no estado do Tocantins. Lembro-me de que o evento transcorreu maravilhosamente bem e, no final, houve a distribuição dos certificados. Ora, meu primeiro pensamento ao receber o “canudo” foi o de guardar imediatamente o papel que era o comprovante de que estive no evento e de que, pelo menos em tese, saí de lá um capoeirista mais experiente.
Qual não foi a minha agradável surpresa ao perceber que todos os meus colegas de encontro utilizavam o certificado como uma espécie de livro de recordações. Pediam para os mestres e as amizades recém-formadas escreverem mensagens de despedida naquele papel.
Entendi então o novo significado que eles davam para o diploma: tão importante quanto a assinatura dos mestres era a comprovação de que houve a formação de amizades, de que pessoas travaram conhecimento e influenciaram umas as outras, tenha sido na roda, no papoeira ou numa mesa de bar. No final das contas, despedia-se do batizado com a face do certificado completamente preenchida por assinaturas e mensagens.
Assim, sob um ponto de vista oficialista, o documento estava adulterado; porém, sob o ponto de vista mais importante – o da vivência daquelas pessoas -- era o contrário, o que valia do encontro era aquilo mesmo: a sensação de que se fez a diferença para alguém, de que se está a salvo do esquecimento total na memória das outras pessoas, de que houve um momento de eternidade naquele espaço de três dias.
Fui recentemente a um batizado no estado do Tocantins. Lembro-me de que o evento transcorreu maravilhosamente bem e, no final, houve a distribuição dos certificados. Ora, meu primeiro pensamento ao receber o “canudo” foi o de guardar imediatamente o papel que era o comprovante de que estive no evento e de que, pelo menos em tese, saí de lá um capoeirista mais experiente.
Qual não foi a minha agradável surpresa ao perceber que todos os meus colegas de encontro utilizavam o certificado como uma espécie de livro de recordações. Pediam para os mestres e as amizades recém-formadas escreverem mensagens de despedida naquele papel.
Entendi então o novo significado que eles davam para o diploma: tão importante quanto a assinatura dos mestres era a comprovação de que houve a formação de amizades, de que pessoas travaram conhecimento e influenciaram umas as outras, tenha sido na roda, no papoeira ou numa mesa de bar. No final das contas, despedia-se do batizado com a face do certificado completamente preenchida por assinaturas e mensagens.
Assim, sob um ponto de vista oficialista, o documento estava adulterado; porém, sob o ponto de vista mais importante – o da vivência daquelas pessoas -- era o contrário, o que valia do encontro era aquilo mesmo: a sensação de que se fez a diferença para alguém, de que se está a salvo do esquecimento total na memória das outras pessoas, de que houve um momento de eternidade naquele espaço de três dias.
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