Balões em Taguatinga
Caros colegas, foi muito interessante ter ido domingo à academia do mestre Paulão participar do curso de balões da Regional ministrado pelo mestre Pombo. Em primeiro lugar, ir à Taguatinga, para um cara que nasceu, foi criado e possui grande parte das referências de sua vida no Plano, significa ter contato com um "outro sonho feliz de cidade". Para que vocês imaginem, estava havendo um desfile escolar numa das principais avenidas da cidade em comemoração ao seu aniversário. Era a cidade celebrando a si mesma, comemorando a sua existência com crianças uniformizadas e bandinhas tocando dobrados. Se eu era o estrangeiro nessa cidade, não deixei de me sentir à vontade com essa manifestação provinciana.
Não sei se foi por acaso, mas errei o caminho até a academia. Acho que perder-se faz parte do processo de reorganização da percepção ao se chegar a um lugar desconhecido: é como um aviso: "aqui você está de fato desorientado, seu mundo caiu. Então, presta atenção!" Mas a cidade não foi má comigo, recebeu-me com uma bandinha e dobrados. Até comecei a entender melhor sua organização: Centro, Sul, Norte, CNB, QNB e outras manias suas.
Pulando direto para a parte da capoeira, fiquei impressionado com a perfeição com que nossos camaradas tocantinenses realizavam todos os balões da regional. Eles foram o apoio do mestre Pombo no curso: jogavam, eram jogados, orientavam e cuidavam para que, nas projeções, ninguém se machucasse, eles foram a segurança do pessoal. Muito bacana ver a dedicação do Cego, do Asa Delta e do outro camarada que veio com eles. (Como é seu nome?).
Depois, no bar, eles contaram que estiveram na Bahia e deram conta inclusive das picuinhas existentes entre a velha e a nova geração da regional. (e eu nem sabia que elas existiam!). Parece que um certo fundamentalismo regional está em curso. O que não deixa de ser interessante e, em certa medida, necessário. Monótono também, porque aconteceu em vários momentos na história da brincadeira e parece que jamais deixará de acontecer.
Valeu também a conversa com mestre Paulão na mesa de bar. Ele falou de como aprendeu a soltar golpes mais efetivos com mestre Adílson, que fez certas adaptações do caratê para capoeira. Paulão também falou da capoeira plástica do mestre Tabosa e de seu treinamento diário de dez mil chutes; contou também que chegava a ir de Taguatinga para Brazlândia correndo para dar aula de capoeira.
Nesse ponto, se eu já tinha feito uma viagem no espaço, viajava agora pelo tempo. Não sei se era empolgação pelas histórias ou uma leve embriaguez causada pela cerveja, mas imaginei esses caras garotões treinando macaco e ponte até trincar a coluna, dando chute e soco em muro chapiscado para engrossar pés e mãos. Encarar um crioulo daquele tamanho e treinado nesse método não devia ser para qualquer um. E se hoje o mestre Adilson joga dequele jeito, imaginem há trinta anos!
No entanto, parece que todos os mitos possuem um outro lado: foi contada a história de que um grande mestre tem medo de lagartixa, rã e perereca, vejam vocês!
No final das contas, acabei não indo para o churrasco no Paranoá. Sei que teria conhecido várias outras histórias envolvendo outros mestres presentes no local, mas já estava cansado, com fome e o mengão jogava na televisão. Esse foi o fim da minha incursão por Taguá, o termo da viagem espaço-temporal. Uma outra força histórica e mítica me chamava...
Não sei se foi por acaso, mas errei o caminho até a academia. Acho que perder-se faz parte do processo de reorganização da percepção ao se chegar a um lugar desconhecido: é como um aviso: "aqui você está de fato desorientado, seu mundo caiu. Então, presta atenção!" Mas a cidade não foi má comigo, recebeu-me com uma bandinha e dobrados. Até comecei a entender melhor sua organização: Centro, Sul, Norte, CNB, QNB e outras manias suas.
Pulando direto para a parte da capoeira, fiquei impressionado com a perfeição com que nossos camaradas tocantinenses realizavam todos os balões da regional. Eles foram o apoio do mestre Pombo no curso: jogavam, eram jogados, orientavam e cuidavam para que, nas projeções, ninguém se machucasse, eles foram a segurança do pessoal. Muito bacana ver a dedicação do Cego, do Asa Delta e do outro camarada que veio com eles. (Como é seu nome?).
Depois, no bar, eles contaram que estiveram na Bahia e deram conta inclusive das picuinhas existentes entre a velha e a nova geração da regional. (e eu nem sabia que elas existiam!). Parece que um certo fundamentalismo regional está em curso. O que não deixa de ser interessante e, em certa medida, necessário. Monótono também, porque aconteceu em vários momentos na história da brincadeira e parece que jamais deixará de acontecer.
Valeu também a conversa com mestre Paulão na mesa de bar. Ele falou de como aprendeu a soltar golpes mais efetivos com mestre Adílson, que fez certas adaptações do caratê para capoeira. Paulão também falou da capoeira plástica do mestre Tabosa e de seu treinamento diário de dez mil chutes; contou também que chegava a ir de Taguatinga para Brazlândia correndo para dar aula de capoeira.
Nesse ponto, se eu já tinha feito uma viagem no espaço, viajava agora pelo tempo. Não sei se era empolgação pelas histórias ou uma leve embriaguez causada pela cerveja, mas imaginei esses caras garotões treinando macaco e ponte até trincar a coluna, dando chute e soco em muro chapiscado para engrossar pés e mãos. Encarar um crioulo daquele tamanho e treinado nesse método não devia ser para qualquer um. E se hoje o mestre Adilson joga dequele jeito, imaginem há trinta anos!
No entanto, parece que todos os mitos possuem um outro lado: foi contada a história de que um grande mestre tem medo de lagartixa, rã e perereca, vejam vocês!
No final das contas, acabei não indo para o churrasco no Paranoá. Sei que teria conhecido várias outras histórias envolvendo outros mestres presentes no local, mas já estava cansado, com fome e o mengão jogava na televisão. Esse foi o fim da minha incursão por Taguá, o termo da viagem espaço-temporal. Uma outra força histórica e mítica me chamava...