Perdas e ganhos
Dando uma olhada nas minhas crônicas anteriores, percebo que, na maioria das vezes, passo uma visão muito negativa da esportivização da capoeira. Em alguns momentos, deixo transparecer uma antipatia um pouco mesquinha para com alguns desenvolvimentos recentes da vadiação. Talvez por não me considerar um atleta, essa visão romântica da capoeira como pura ludicidade e espontaneidade seja muito forte em mim.
Acontece que brincadeira e ludicidade, esporte e competição não são totalmente excludentes. Isso acontece inclusive no futebol, um esporte altamente profissionalizado em que os maiores craques parecem continuar a se divertir. Ronaldinho Gaúcho ao olhar para um lado e passar a bola para o outro, ou ao escolher sair pelo contrapé do marcador depois de pedalar na sua frente parece estar brincando. E Zidane deve ter adorado dar um balãozinho em Ronaldo na Copa...
Além disso, como me fez notar um camarada, a Copa da Uefa não vai extinguir a pelada de fim de semana. Muito pelo contrário, os peladeiros acabam por tentar realizar os dribles dos grandes jogadores, apropriando-se deles e acrescentando mais um tempero à sua brincadeira.
Coisa parecida acontece com a vadiação. Já mencionei que capoeiristas já estão utilizando vídeos para se atualizarem: novos floreios e seqüências de movimentos estão sendo popularizadas através de imagens de capoeiristas de todas as partes do mundo. Elas podem ser vistas no "youtube" ou nas fitas de vídeo e DVDs anunciados nas revistas e sítios eletrônicos especializados.
Por exemplo, num churrasco aqui em Brasília, presenciei uma conversa entre dois capoeiristas locais e um mestre paulistano em que estava sendo discutido o "antídoto" para um determinado movimento de benguela que os brasilienses tinham visto o outro fazer num DVD. Foi muito interessante escutar essa conversa e assistir à demonstração do movimento, percebi que não está totalmente fechada a possiblidade de que cada grupo interprete e encaixe as inovações em seu estilo; de que cada capoeirista, individualmente, incorpore desenvolva seu jogo de acordo com suas qualidades e limitações.
Camaradas como Nestor Capoeira, apesar de reconhecerem algumas perdas na vadiação, consideram que hoje vivemos a “era de ouro” do nosso brinquedo. O desenvolvimento de metodologias de ensino adotadas por mestres e professores em todas as partes do mundo tem contribuído para a formação de um maior número de capoeiristas de alto nível.
É claro que com a modernização, perde-se algo da tradição. Mas -- talvez devido à ambigüidade mesma da capoeira --, competição e cooperação, agônico e lúdico, dominação e liberdade sempre conviverão numa roda. Sempre haverá mestres capazes de trabalharem diferentes tipos de metodologias, bem como alunos criativos o suficiente para reinterpretarem e encaixarem no próprio jogo – se lhes convier – os movimentos da moda.
Acontece que brincadeira e ludicidade, esporte e competição não são totalmente excludentes. Isso acontece inclusive no futebol, um esporte altamente profissionalizado em que os maiores craques parecem continuar a se divertir. Ronaldinho Gaúcho ao olhar para um lado e passar a bola para o outro, ou ao escolher sair pelo contrapé do marcador depois de pedalar na sua frente parece estar brincando. E Zidane deve ter adorado dar um balãozinho em Ronaldo na Copa...
Além disso, como me fez notar um camarada, a Copa da Uefa não vai extinguir a pelada de fim de semana. Muito pelo contrário, os peladeiros acabam por tentar realizar os dribles dos grandes jogadores, apropriando-se deles e acrescentando mais um tempero à sua brincadeira.
Coisa parecida acontece com a vadiação. Já mencionei que capoeiristas já estão utilizando vídeos para se atualizarem: novos floreios e seqüências de movimentos estão sendo popularizadas através de imagens de capoeiristas de todas as partes do mundo. Elas podem ser vistas no "youtube" ou nas fitas de vídeo e DVDs anunciados nas revistas e sítios eletrônicos especializados.
Por exemplo, num churrasco aqui em Brasília, presenciei uma conversa entre dois capoeiristas locais e um mestre paulistano em que estava sendo discutido o "antídoto" para um determinado movimento de benguela que os brasilienses tinham visto o outro fazer num DVD. Foi muito interessante escutar essa conversa e assistir à demonstração do movimento, percebi que não está totalmente fechada a possiblidade de que cada grupo interprete e encaixe as inovações em seu estilo; de que cada capoeirista, individualmente, incorpore desenvolva seu jogo de acordo com suas qualidades e limitações.
Camaradas como Nestor Capoeira, apesar de reconhecerem algumas perdas na vadiação, consideram que hoje vivemos a “era de ouro” do nosso brinquedo. O desenvolvimento de metodologias de ensino adotadas por mestres e professores em todas as partes do mundo tem contribuído para a formação de um maior número de capoeiristas de alto nível.
É claro que com a modernização, perde-se algo da tradição. Mas -- talvez devido à ambigüidade mesma da capoeira --, competição e cooperação, agônico e lúdico, dominação e liberdade sempre conviverão numa roda. Sempre haverá mestres capazes de trabalharem diferentes tipos de metodologias, bem como alunos criativos o suficiente para reinterpretarem e encaixarem no próprio jogo – se lhes convier – os movimentos da moda.